Empreendedorismo: Outro dia assisti a uma campanha publicitária do Banco Santander que me incomodou um pouco. Nela, a pessoa (supostamente demitida) larga a carteira de trabalho em um gaveta e o narrador fala: “agora você é um empreendedor”.
Respondendo ao narrador: não, você (ainda) não é um empreendedor. A pessoa tem todo direito de sonhar e se planejar, mas a realidade não é tão simplista assim.
Temos que analisar a situação por dois lados:
Mais e mais pessoas serão “forçadas” a trabalharem como freelancers ou empreenderem, devido aos seguintes fatores:
- É muito difícil se recolocar no mercado após os 45 / 50 anos. E uma pessoa nesta idade ainda tem muita “lenha para queimar”, e muitas vezes uma família para sustentar.
- Cada vez mais profissões serão automatizadas. E, ao mesmo tempo que novas empresas / empregadores possam surgir, o número de vagas novas não irá ser superior àquelas que estão sendo suprimidas.
Cada vez mais pessoas estão insatisfeitas com o mundo corporativo e buscam novos estilos de vida e de trabalho. Mais flexibilidade, mais autonomia, qualidade de vida.
Independente da condição que você esteja, empreender (ou mesmo se tornar um freelancer em sua área de atuação) demanda alguns aspectos importantíssimos que não podem ser levados de forma simplista:
- Planejamento: plano de negócios e planejamento financeiro (para você e para sua empresa).
- Saber “se vender”: não são todas as pessoas que podem começar um negócio, tendo o luxo de ter uma equipe de vendas. Muito provavelmente você será o primeiro e principal vendedor da sua empresa. Neste caso, seja você um fisioterapeuta, personal trainer, professor de idiomas, consultor, etc… você precisa entender que “se vender” será uma necessidade.
- Conhecimentos básicos de finanças: saber preparar um fluxo de caixa, um orçamento. Existem vários materiais disponíveis na Internet desde os níveis mais básicos aos mais avançados.
- Marketing Digital: uma forma fundamental de escalar o seu negócio.
- Estudar e se atualizar SEMPRE.
- Achar um negócio na intersecção destes três pontos: algo em que eu sou bom, em que existe um mercado para eu atender e que eu realmente goste de fazer.
O meu ponto é: todos podem ser encorajados a sonhar, a terem o desejo de empreender e começar uma nova jornada profissional. Porém, isso não acontece de forma automática.
No caso da propaganda do Banco Santander, uma forma inteligente de estimular o empreendedorismo, seria divulgar ou até mesmo criar treinamentos voltados a estas áreas que eu mencionei, criar centros de empreendedorismo voltados a um público mais sênior ou de baixa renda (nos mesmos moldes que o Cubo ou o Google Campus, mas voltado a um público que não tem condição de ter um projeto ou uma start-up aprovada nestes centros).
E nem se trata de fazer caridade, garanto que no longo prazo, o banco se beneficiaria muito, pois teria uma relação profunda com muitas pessoas talentosíssimas, que precisam apenas de instruções / cursos em áreas que são a base de qualquer negócio.
Quando eu criei a Outliers, 7 anos atrás, nós fizemos um bom planejamento e tínhamos a reserva de capital recomendada (em geral de 2 anos para cobrir seus gastos pessoais) e mesmo assim não foi nada fácil. Nós fomos os primeiros vendedores, recepcionistas, professores, até conseguirmos tração para podermos nos dedicar mais às questões estratégicas e fazer a escola crescer.
Portanto, se você tem a idéia de empreender, te dou 100% de encorajamento, desde que você faça sua lição de casa de pensar bem e planejar. Empreendedorismo é coisa séria e deve ser tratada como tal.
Autor: Augusto Rocha – atuou por 8 anos em empresas como Red Bull, Maersk e Reckitt Benckiser no Brasil e no exterior. Em 2010 criou a Outliers, escola de idiomas com foco total em Inglês Profissional.
Cursos presenciais: outliers.com.br
Cursos online: online.outliers.com.br
Materiais gratuitos: http://blog.outliers.com.br/materiais-gratuitos/