Mês passado tive um cliente da área financeira que trabalhou por 9 meses numa grande multinacional, e acabou pedindo demissão por que a sua vaga mudou drasticamente após a empresa transferir quase a totalidade das atividades da sua área para um shared service center na Costa Rica, reduzindo sua equipe de 10 para apenas 2 funcionários e também por que seu chefe (o CFO) era um louco e o perseguia, ligava aos fins de semanas para falar de assuntos rotineiros, sempre segurava o meu cliente no trabalho, dizendo que tinha que falar com ele, mas ia embora e depois ligava de madrugada para meu cliente, coisas do tipo.
Esse cenário soa familiar para você?
Ele comentou que quando fez a entrevista 9 meses atrás, o CFO parecia ser um chefe excelente, e que nas 4 etapas de entrevista que fez (uma com o RH, uma com futuros colegas, uma com o CFO, uma com a matriz em NY), nada havia sido comentado sobre os planos de transferir as atividades para a Costa Rica.
Será que essa história poderia ter tido um final diferente? Talvez sim se ele tivesse feito as perguntas certas na entrevista.
Ele comentou que fez muitas perguntas sobre o que a empresa esperava dele, os desafios da posição, como a empresa mediria seus resultados, entre outros, mas não chegou a abordar o ambiente de trabalho, tampouco os planos futuros do departamento.
Muitas pessoas temem fazer certas perguntas com receio de serem mal vistas, mas é muito importante entender bem sobre a organização e o ambiente da empresa para avaliar se realmente tem um match, se é um lugar onde você vai se sentir bem, trabalhar feliz e se desenvolver.
Por exemplo, se você é uma pessoa que odeia ser micro-managed, é importante entender o perfil do seu futuro chefe para que sua vida no trabalho não se torne uma tortura! Ou se você for uma pessoa mais harmoniosa que gosta de ambientes pacíficos e tranquilos de união e trabalho em equipe, certamente não vai se sentir bem num ambiente de trabalho ultra agressivo onde seja comum esfaqueamentos pelas costas!
Ou avaliar se você continuaria contente com seu trabalho se o escopo mudar significativamente. Como no caso desse meu cliente, que as atividades foram quase todas transferidas para a Costa Rica.
Lembre-se que para ser uma união de sucesso, a empresa deve te escolher E você também deve escolher a empresa. Ambas as partes precisam estar felizes para dar certo!
Veja algumas perguntas que você pode fazer para te ajudar a identificar melhor esses pontos.
- O que houve com a pessoa que ocupava essa vaga?
- Perguntar para: profissional de RH, futuros colegas ou futuro chefe.
- Por que: Saber o que houve com a pessoa anterior traz insights preciosos sobre a vaga, a equipe e a empresa.
Por exemplo: se ela foi promovida, demonstra que a empresa dá oportunidades de crescimento interno. Se ela foi demitida, tente entender o por quê para você não cometer os mesmos erros. Se ela pediu demissão, também tente entender o por quê. Será que não se dava bem com o chefe? Será que conseguiu um emprego que pague melhor? Ou será que foi por que a esposa foi transferida para outro país e ele acabou se demitindo para acompanha-la?
- Qual o seu perfil de liderança?
- Perguntar para: futuro chefe e/ou futuros colegas (perguntar como é o perfil de liderança do chefe em comum)
- Por que: Essa pergunta é crucial para você avaliar se o estilo do futuro chefe vai se encaixar com o seu, ou se será potencial fonte de conflito. Seguindo o exemplo do meu cliente, se você quer ter tempo para sua família, amigos, hobbies, certamente não ficará feliz com seu chefe te perseguindo fora do trabalho. Ainda mais nos tempos atuais onde estamos constantemente conectados.
Outras coisas importantes para serem avaliadas no quesito chefe são: se ele dá autonomia de decisão ou se tudo precisa passar por ele, se ele é aberto para sugestões de melhorias, se ele escuta a equipe, se ele é um bom comunicador ou se guarda as informações importantes para si, se ele é organizado ou sempre deixa as coisas para a ultima hora, resultando em constante trabalho até tarde,…
A chave aqui é: pensar em como você gosta e como não gosta de trabalhar, e tentar identificar se os estilos são compatíveis.
- Como é o ambiente de trabalho no departamento?
- Perguntar para: futuro chefe e/ou futuros colegas
- Por que: para entender se é compatível com o seu perfil pessoal.
Por exemplo: se o ambiente é altamente competitivo, e você é uma pessoa mais colaborativa. Se tem muita pressão, e você prefere um ambiente mais tranquilo. Se é muito informal e você prefere algo mais formal (já tive um cliente que pediu demissão de uma start-up pois achou o ambiente informal demais).
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- Quais os planos futuros do departamento?
- Perguntar para: futuro chefe e/ou chefe do chefe
- Por que: é importante entender se haverá alguma mudança drástica com o departamento, e consequentemente com as suas responsabilidades e escopo; e se isso continua alinhado com seus objetivos profissionais.
No caso desse cliente, 4 meses depois que ele entrou na empresa começou o processo de reestruturação para transferir atividades para o shared service center. Certamente isso já estava nos planos da empresa, mas ele sequer sonhava com isso quando aceitou o emprego. Talvez não teria aceitado o emprego se soubesse durante o processo de contratação.
- Quais as principais razões que levam as pessoas a pedirem demissão dessa empresa/departamento?
- Perguntar para: profissional de Rh, futuro chefe ou futuros colegas
- Por que: as respostas para essa pergunta trazem informações valiosíssimas em relação à empresa.
Será que a empresa oferece as oportunidades de crescimento que você busca? Será que a empresa tem um ambiente agradável de trabalho? Será que seu chefe é um doido perseguidor (uma outra cliente que trabalha numa empresa grande de varejo disse que o fundador é um louco excêntrico e ninguém aguenta trabalhar com ele, e a diretoria – que reporta diretamente para ele – tem taxas altíssimas de rotatividade).
E se a empresa não gostar que você fez essas perguntas? Então melhor para você, pois certamente se livrou de um ambiente nocivo, onde certamente os funcionários não são respeitados.
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