Além do envio do currículo, cada vez mais empresas pedem que candidatos a vagas de emprego enviem também uma carta de apresentação. Essa é uma oportunidade adicional para a empresa conhecer mais sobre os interessados às suas vagas, e também auxilia na triagem dos candidatos.
Dessa forma, lembre-se que assim como o currículo, a carta de apresentação também é um componente que pode te levar à próxima etapa, ou te excluir do processo de seletivo. Por isso, invista tempo e atenção na elaboração da sua carta de apresentação.
Veja aqui algumas dicas de como fazer (e também de como não fazer) a carta de apresentação que vai encantar o recrutador:
- Carta de apresentação não deve ser o resumo do seu currículo
Esse é o maior erro que as pessoas comentem quando escrevem uma carta de apresentação: resumir o currículo.
Lembre-se que o recrutador já vai ler o seu currículo, que você já enviou essas informações em outro documento, então é uma grande perda de tempo para todo mundo se você repetir as informações em outro documento, certo?
Pense assim: se existe algo chamado currículo e algo chamado carta de apresentação, é por que devem ser duas coisas diferentes, senão teriam o mesmo nome, certo?
- Customize a carta de apresentação para cada vaga que for se candidatar.
Outro erro que muitas pessoas cometem é ter uma carta de apresentação padrão e sair atirando para todos os lados.
Se você quiser ter sucesso na sua candidatura, não faça isso. O ideal é que você faça uma carta de apresentação customizada para cada vaga que se candidatar. Demonstre ao recrutador que você realmente está interessado, que você conhece ou ao menos estudou sobre seu setor, e que você sabe onde e como suas habilidades e competências profissionais ajudarão a empresa onde ela precisa!
Note que quando falo em customizar, estou falando muito mais do que simplesmente substituir os nomes, por exemplo: “Me interessei muito pela vaga de Gerente de Marketing na Apple” e “Me interessei muito pela vaga de Gerente de Mídias Sociais na Samsung”.
Customizar nesse caso seria se imaginar ocupando a vaga, e analisar bem quais são os desafios, as oportunidades – tanto mercadológicas quanto internas, e demonstrar ao recrutador que você tem capacidade de gerar os resultados que ele deseja.
Você deve estar se perguntando: “mas como faço isso?”. A resposta está na dica 3.
- Estude a empresa e a vaga à qual você está se candidatando.
Veja algumas dicas de como estudar a empresa e a vaga:
1. Estude o site da empresa
Analise o site da empresa de cabo a rabo. Conheça a história da empresa, os produtos e/ou serviços que ela vende, quais os lançamentos, as inovações, a missão, os valores, no caso de empresas abertas, elas costumam ter relatórios anuais publicados no site – é bem interessante ler os relatórios para entender como foram os resultados da empresa, e quais iniciativas ela está planejando, também dá para avaliar o ambiente de trabalho, como a empresa trata seus colaboradores, o perfil da empresa, enfim, dá para aprender um monte de coisa no site da própria empresa.
Muita gente para por aí. Mas você quer ser igual a todos ou quer ser um outlier, fora de série? Quem você acha que as melhores empresas contratam? Alguém mediano, que vive na média ou alguém excepcional que se sobressai? Eu digo para ir mais a fundo.
2. Leia notícias sobre a empresa
Enquanto no site aprendemos informações passadas sobre a empresa, as notícias nos fornecem informações atuais e fresquinhas sobre a empresa.
Por exemplo, é através das notícias que você fica sabendo que a empresa acabou de lançar algum produto novo, que ela fechou acordo com um parceiro na China, que houve um embargo que impactou os negócios da empresa, que ela está planejando comprar ou vender alguma operação, enfim: dá para descobrir uma infinidade de coisas sobre a empresa pelas notícias.
3. Se for uma empresa de capital aberto, veja como estão indo as ações
Saber se as ações estão subindo ou caindo, e o motivo para tal também pode te ajudar na elaboração da carta de apresentação. Principalmente se as ações estiverem caindo, e a causa disso estiver relacionada à área onde você trabalha.
4. Veja o que os clientes falam sobre a empresa
Também é interessante ver o que os clientes falam sobre a empresa. Se eles falam bem ou se falam mal, e os motivos para tal.
Uma boa forma de analisar o que os clientes falam sobre a empresa é através das redes sociais (facebook, linkedin, twitter e instagram), tanto no próprio perfil da empresa quanto fazendo a busca por hashtags e também em sites externos, como Reclame Aqui.
5. Veja se você conhece alguém que trabalha na empresa
Veja na sua rede de relacionamento se você conhece alguém que trabalha na empresa, ou se tem alguém que possa te apresentar para alguém que trabalha na empresa. Aquele amigo do amigo do primo do cunhado, sabe? Tente achar alguém que já trabalha lá para conseguir “insider information”. Essas informações são mais preciosas do que você pode imaginar!
- Pense sobre o que te atraiu na vaga e como você vai agregar valor à empresa contratante e fazer a diferença na posição
Conecte os pontos entre o resultado da sua pesquisa sobre a empresa, o que te atraiu na empresa e por que você é a pessoa ideal para a vaga. Ou seja, basicamente a situação da empresa versus quem você é pessoalmente (valores, crenças, ética) e tecnicamente (habilidades, competências profissionais, experiência, capacidade de entrega).
Você está basicamente escrevendo para o recrutador ou seu futuro chefe, o que vai convence-lo a se interessar em falar com você? O que vai faze-lo despertar o interesse em você?
Por exemplo:
Você pesquisou nas redes sociais e os clientes elogiam o atendimento da empresa e você é um profissional de atendimento ao cliente que preza a excelência no atendimento. Use esse gancho para falar o como você se identificou e como você pode ajudar a empresa a melhorar ainda mais o atendimento e encantar mais ainda os seus clientes.
Ou você leu uma notícia que a empresa fará uma joint venture com uma empresa chinesa, e você já trabalhou em empresa chinesa, conhece bem a cultura e os costumes chineses, e até fala mandarim intermediário. Isso com certeza deve constar na sua carta de apresentação!
Mais um exemplo: você é profissional de excelência de processos, e viu que a empresa tem inúmeras reclamações no Reclame Aqui em relação às entregas aos clientes, e você tem experiência em melhoria de processos logísticos. Conte um pouco dessa história e mostre que você sabe onde e como melhorar o processo deles. Fale da dor atual que a empresa sente e mostre que você pode trazer alívio para essa dor, talvez não só alívio, mas eliminá-la de uma vez por todas!
Com certeza isso vai impressionar o recrutador, e mostrar que você teve o cuidado e o interesse de pesquisar sobre a empresa, que você dispendeu algumas horas da sua vida para buscar essas informações e fazer a carta de apresentação com carinho. E a lógica de pensamento é: se você se importou em buscar essas informações e escrever uma carta de apresentação customizada, você vai ser um profissional diligente, interessado e cuidadoso na empresa também. E todas as empresas querem um funcionário assim.
Muita gente não percebe, mas a forma como você escreve a carta de apresentação diz muito sobre seu perfil e sua ética profissional. Lembre-se que as pessoas que vão ler a sua carta provavelmente são muito experientes, e já leram centenas, senão milhares de cartas de apresentação na vida. Então elas conseguem perceber facilmente se foi uma carta relapsa, escrita em 5 minutos, ou se foi uma carta padrão copiada da internet, ou se foi uma carta cuidadosamente pensada e redigida, que levou algumas horas para ser feita.
E o que dizer de cada uma? A relapsa, que foi escrita em 5 minutos reflete um autor que não tem muito interesse nas coisas, não faz as coisas cuidadosamente, não coloca a cabeça e o coração no que faz. Você ia querer alguém assim na sua equipe? Eu não.
A que foi copiada da internet também não impressiona muito. Reflete um autor que tenta buscar atalhos na vida, os caminhos fáceis para se livrar rapidamente de um desafio. E é isso que você quer na sua equipe? Alguém que copia os outros? Bom, dependendo da empresa, isso pode até funcionar. Mas tenha certeza que em empresas de ponta, aquelas inovadoras, que criam as coisas, isso não vai dar certo.
Agora, a carta de apresentação que foi cuidadosamente pensada e redigida, aquela que percebe-se que o autor investiu algumas horas para elaborar. Isso reflete um profissional interessado, criativo, que coloca o cérebro para funcionar, uma pessoa que tem o cuidado ao fazer as coisas, que pesquisa e analisa as situações antes de tomar uma ação, uma pessoa diligente, que tem o carinho pelas coisas. E confie em mim: todas as empresas querem alguém assim. Querem profissionais interessados, que pensem além, que vão além para trazer os melhores resultados para a companhia.
Pense em que tipo de impressão você quer causar antes mesmo de te conhecerem.
- E qual tipo de linguagem devo usar?
É recomendável ser um pouco mais formal nas cartas de apresentação. Mas tome cuidado para não se tornar pedante e usar palavras rebuscadas ou excessivamente formais.
Também tome alguns cuidados com a língua portuguesa:
– Evite o “gerundês” (como “Quero estar colaborando com o crescimento da empresa.”)
– Cuidado com erros comuns (como “mais x mas”, “a, à, há”, “onde x aonde”, “segmento, seguimento”…)
- E quão extenso deve ser?
Não há uma regra específica, mas geralmente 1 página costuma ser suficiente para cobrir tudo. Lembre-se que a carta de apresentação é algo breve, que vai “atiçar” o interesse do recrutador por você. Não é para escrever uma bíblia contando sua vida em detalhes, ok?
Bom, espero que você tenha gostado das dicas. Tente usa-las para a próxima carta de apresentação que você escrever, e me diga o resultado que teve!
Leia também:
A Principal Diferença Entre um Currículo e a Carta de Apresentação